quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

A CRUZ – IMAGEM DA TRINDADE E DA IGREJA

cruz-ortodoxa
Através do “Vitória! Tu reinarás! Ó Cruz, tu nos salvarás!” entoamos um hino eslavo que expressa o mistério da derrota e vitória da Cruz. A primeira estrofe não deixa dúvidas sobre a vocação da Igreja: “À sombra de teus braços, a Igreja viverá. Por ti, no eterno abraço, o Pai nos acolherá!”. A Cruz é o abraço amoroso da Trindade. Sem a Cruz, e sem cristãos assumindo a cruz, não há vida na Igreja: apenas a ilusão diabólica de que estar livre da cruz é sinal de amor privilegiado de Deus.
A tentação de Cristo no deserto (cf. Lc 4, 1-13) foi a tentação da fuga da cruz e da apresentação do sucesso como caminho messiânico, tentação de tudo resolver através do milagre, do espetáculo: “Se és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: ‘Ordenou aos seus anjos a teu respeito que te guardassem. E que te sustivessem em suas mãos, para não ferires o teu pé nalguma pedra’ (Sl 90,11ss). Jesus disse: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’ (Dt 6,16)”.
Na Sexta-feira santa, sofrendo as mais atrozes dores e o abandono do Pai, o diabo volta à carga pela boca da multidão: “Que o Cristo, rei de Israel, desça agora da cruz, para que vejamos e creiamos” (Mc 15, 32). Queriam espetáculo! Jesus poderia ter descido da cruz e tudo estaria resolvido. Pelos quatro cantos do mundo se falaria do homem que prometeu morrer, sofreu dramaticamente, tudo em preparação para o grande teatro: descer da cruz poderoso e nos braços do povo sedento por milagres.

A Cruz, imagem da Trindade

Mas, o Senhor não poderia negar a própria identidade: ele é amor, e tudo o que é e faz brota do amor. A crucifixão não é a derrota, e sim, o sinal inequívoco de um amor total na doação: “Quando tiverdes levantado o Filho do homem, então conhecereis que EU SOU (=Deus) e que nada faço de mim mesmo, mas falo do modo como o Pai me ensinou” (Jo 8,29).
A doação foi e é a Escola do Pai: alguém pode imaginar que um pai, separando-se do filho para doá-lo em resgate de uma multidão ingrata, sinta prazer? A primeira Cruz foi a do Pai, quando permitiu que seu Filho se despojasse da condição divina para ser igual a nós (cf. Fil 2,6-8). Quando Jesus se retirava para orar, consolava o Pai por sua ausência, e o Pai o consolava em seu abandono filial. Deus Pai esvaziou-se da paternidade e o Filho, da filiação. A Cruz é a imagem da Trindade: nela sofreram o Pai, o Filho e o Espírito Santo, pois o amor sem medida fez as três Pessoas se esvaziarem da comunhão divina.
O amor não é uma festa inocente. Dar o passo para declarar, na verdade, “eu te amo”, supõe enfrentar o sofrimento de se auto-anular: “Presentemente, a minh’alma está perturbada. Mas que direi?… Pai, salva-me desta hora… Mas é exatamente para isso que vim a essa hora. Pai, glorifica o teu nome!” (Jo 12, 27-28). A cada momento de sua vida pública Jesus era tentado a ser infiel ao Pai caindo na ilusão do aplauso dos curados e alimentados. Ao mesmo tempo em que pedia ao Pai ser libertado daquela “hora”, sabia que aquela era a “Hora” da glorificação: o amor teria a última palavra, por toda a eternidade seria impossível amar com mais intensidade do que no Calvário, sinal da grandeza divina capaz de assumir a pequenez total.

A Cruz, imagem da Igreja

Fiódor Dostoiévski, na célebre passagem de Os Irmãos Karamázov (livro V), colocou essas palavras na boca do Grande Inquisidor de Sevilha que reprovava a Cristo a decisão de ter aceito a derrota: “Tu não desceste da cruz porque, mais uma vez, não quiseste alimentar o homem com o milagre, e desejavas ardentemente uma fé livre, e não uma fé dependente de milagres. Ardias por um amor livre, e não a bajulação servil do escravo diante do senhor”. O Inquisidor poderoso temia o Cristo frágil que derrubaria o poder dele.
Cristo quer seus discípulos nutridos de uma fé livre, que se possa expressar num amor livre. A busca do milagre impede a liberdade da fé e a liberdade do amor. A fé e o amor incluem o esvaziamento de si para poder abandonar-se no outro. Assim, o Pai esvaziou-se do Filho para abandoná-lo em nossas mãos. E nós nos abandonamos no Filho que nos entrega ao Pai.
A Cruz permite ao homem a experiência do amor na liberdade, sem a necessidade de milagres. Somente quem participa do sofrimento de Cristo pode participar de sua glória e, deste modo, ser digno da ressurreição. Quando afirmamos que a Igreja é o Corpo de Cristo a contemplamos crucificada, renovando a fidelidade ao Pai e fazendo germinar a Vida nova: a cruz é sinal de sofrimento e de sacrifício, mas também sinal da salvação e da manifestação da glória de Deus. Uma Igreja que despreza a fidelidade da Cruz, e se empolga com a facilidade da estrada do espetáculo, nega a existência de Deus, pois, negando a fecundidade do sofrimento, ridiculariza o Deus Trindade, cuja imagem é a Cruz. Ridiculariza os sofredores do pecado do mundo, pois os considera vítimas do próprio pecado, quando a verdade cristã é outra: todo inocente que morre na sua inocência, carrega os pecados do mundo, e nisso é semelhante a Cristo e unido a ele. Afirmava São Serafim de Sarov: “Onde não há aflição não existe salvação”, pois não é possível a conversão, podemos acrescentar.
Lembro aqui a palavra do papa Francisco na Missa com os Cardeais em 14 de março: “Eu queria que, depois destes dias de graça, todos nós tivéssemos a coragem, sim a coragem, de caminhar na presença do Senhor, com a Cruz do Senhor; de edificar a Igreja sobre o sangue do Senhor, que é derramado na Cruz; e de confessar como nossa única glória Cristo Crucificado. E assim a Igreja vai para diante”.
Celebrando o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, proclamemos o hino bizantino: “Senhor, tu nos deste a cruz como arma contra o demônio; ele se atemoriza e treme, não tendo coragem de contemplar esta potência que faz ressurgir os mortos e vence a morte; por isso nós veneramos a tua sepultura e a tua ressurreição”.
Pe. José Artulino Bese

Nenhum comentário:

Postar um comentário


Amai-vos uns aos outros como eu vos amei (Jo 15:12) - Recados e Imagens para orkut, facebook, tumblr e hi5

DÍZIMO

DÍZIMO
ARAÇUAÍ MG

CORAÇÃO

CORAÇÃO

NOSSA LISTA DE BLOGS E SITES IMPORTANTES

SANTO INÁCIO

SANTO INÁCIO
martírio célebre no século II foi o de Santo Inácio de Antioquia; no ano 107, no Coliseu de Roma, vítima da perseguição de Trajano (98-117), por ocasião dos gigantescos espetáculos dados por este imperador para comemorar suas vitórias sobre os dácios. Inácio foi condenado juntamente com Rufo e Zózimo.

Cardeal Majella

"Cristo foi batizado, não para ser santificado pelas águas, mas para santificá-las"

ORE SEM CESSAR

Ore sem cessar!!!

Viva a Nossa Senhora Aparecida.













No dia 12 de outubro, comemoram-se três datas, embora poucos lembrem-se de
todas elas: Nossa Senhora Aparecida, padroeira oficial do Brasil, o Dia das Crianças e o Descobrimento da América. Nosso feriado nacional, no entanto, deve-se somente à primeira data, e, embora a devoção à santa remonte aos idos do século XVIII, só foi decretado em 1980.
Há duas fontes sobre o achado da imagem, que se encontram no Arquivo da Cúria Metropolitana de Aparecida e no Arquivo Romano da Companhia de Jesus, em Roma.
Segundo estas fontes, em 1717 os pescadores Domingos Martins García, João Alves e Filipe Pedroso pescavam no rio Paraíba, na época chamado de rio Itaguaçu. Ou melhor, tentavam pescar, pois toda vez que jogavam a rede, ela voltava vazia, até que lhes trouxe a imagem de uma santa, sem a cabeça. Jogando a rede uma vez mais, um pouco abaixo do ponto onde haviam pescado a santa, pescaram, desta vez, a cabeça que faltava à imagem e as redes, até então vazias, passaram a voltar ao barco repletas de peixes. Esse é considerado o primeiro milagre da santa. Eles limparam a imagem apanhada no rio e notaram que se tratava da imagem de Nossa Senhora da Conceição, de cor escura.
Durante os próximos 15 anos, a imagem permaneceu com a família de Felipe
Pedroso, um dos pescadores, e passou a ser alvo das orações de toda a comunidade. A devoção cresceu à medida que a fama dos milagres realizados pela santa se espalhava. A família construiu um oratório, que, logo constatou-se, era pequeno para abrigar os fiéis que chegavam em número cada vez maior. Em meados de 1734, o vigário de Guaratinguetá mandou construir uma capela no alto do Morro dos Coqueiros para abrigar a imagem da santa e receber seus fiéis. A imagem passou a ser chamada de Aparecida e deu origem à cidade de mesmo nome.

Em 1834 iniciou-se a construção da igreja que hoje é conhecida como Basílica Velha. Em 06 de novembro de 1888, a princesa Isabel visitou pela segunda vez a basílica e deixou para a santa uma coroa de ouro cravejada de diamantes e rubis, juntamente com o manto azul. Em 8 de setembro de 1904 foi realizada a solene coroação da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida e, em 1930, o papa Pio XI decreta-a padroeira do Brasil, declaração esta reafirmada, em 1931, pelo presidente Getúlio Vargas.
A construção da atual Basílica iniciou-se em 1946, com projeto assinado pelo
Engenheiro Benedito Calixto de Jesus. A inauguração aconteceu em 1967, por oca
sião da comemoração do 250.º Aniversário do encontro milagroso da imagem,
ainda com o templo inacabado. O Papa Paulo VI ofertou à santa uma rosa de ouro, símbolo de amor e confiança pelas inúmeras bênçãos e graças por ela concedidas. A partir de 1950 já se pensava na construção de um novo templo mariano devido ao crescente número de romarias. O majestoso templo foi consagrado pelo Papa, após mais de vinte e cinco anos de construção, no dia 4 de julho de 1980, na primeira visita de João Paulo II ao Brasil.

A data comemorativa à Nossa Senhora Aparecida (aniversário do aparecimento
da imagem no Rio) foi fixada pela Santa Sé em 1954, como sendo 12 de outubro, embora as informações sobre tal data sejam controversas. É nesta época do ano que a Basílica registra a presença de uma multidão incontável de fiéis, embora eles marquem presença notável durante todo ano.

A imagem encontrada e até hoje reverenciada é de terracota e mede 40 cm de
altura. A cor original foi certamente afetada pelo tempo em que a imagem esteve mergulhada na água do rio, bem como pela fumaça das velas e dos candeeiros que durante tantos anos foram os símbolos da devoção dos fiéis à santa. Em 1978, após o atentado que a reduziu a quase 200 pedaços, ela foi reconstituída pela artista plástica Maria Helena Chartuni, na época, restauradora do Museu de Arte de São Paulo. Peritos afirmam que ela foi moldada com argila da região, pelo monge beneditino Frei Agostinho de Jesus, embora esta autoria seja de difícil comprovação.

Seja qual for a autoria da imagem ou a história de sua origem, a esta altura ela pouco importa, pois as graças alcançadas por seu intermédio têm trazido esperança e alento a um sem número de pessoas. Se quiser saber mais detalhes sobre a Basílica e sua programação, visite o site www.santuarionacional.com.br, no qual também é possível acender uma vela virtual. E já que a fé, assim como a internet, não conhece fronteiras, eu já acendi a minha, por um mais paz e igualdade no mundo. Acenda a sua e que
Nossa Senhora Aparecida nos ouça e ilumine o mundo, que está precisando tanto de cuidados.

Além da farta pescaria, muitos outros milagres são atribuídos à Nossa Senhora Aparecida. Veja alguns abaixo:
A libertação do escravo Zacarias
O escravo Zacarias havia fugido de uma fazenda no Paraná e acabou sendo
capturado no Vale do Paraíba. Foi caçado e capturado por um famoso capitão
do mato e, ao ser levado de volta, preso por correntes nos pulsos e nos pés,
e como passassem perto da capela da Santa, pediu permissão para rezar diante
da imagem. Rezou com tanta devoção que as correntes milagrosamente se
romperam, deixando-o livre. Diante do ocorrido, seu senhor acabou por
libertá-lo.

O cavaleiro ateu
Um cavaleiro que passava por Aparecida, vendo a fé dos romeiros, zombou
deles e tentou entrar na igreja a cavalo para destruir a imagem da santa. Na
tentativa, as patas do cavalo ficaram presas na escadaria da igreja. Até
hoje pode-se ver a marca de uma das ferraduras em uma pedra, na sala dos
milagres da Basílica Nova.

A cura da menina cega
Uma menina cega, ao aproximar-se, com a mãe, da Basílica, olhou em direção a
ela e, de repente, exclamou "Mãe, como aquela igreja é bonita." Estava
enxergando, perfeitamente curada.

NILTON

O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.

Romanos 6:23


TERESA DE CEPEDA Y AHUMADA

TERESA DE CEPEDA Y AHUMADA
Teresa de Cepeda y de Ahumada (nasceu em Ávila em 1515) guiada por Deus por meio de colóquios místicos e por seu colaborador e conselheiro espiritual são João da Cruz (reformador da parte masculina da ordem carmelita, empreendeu aos quarenta anos uma missão que tem algo de incrível para uma mulher de saúde delicada como a sua: do mosteiro de são José, fora dos muros de Ávila, primeiro convento do Carmelo por ela reformado, partiu, carregada pelos tesouros do seu Castelo Interior, para todas as direções da Espanha.