No ecumenismo estamos em busca
da unidade na diversidade. Estamos unidos por princípios básicos do
cristianismo e, principalmente, pela própria adesão a Jesus, que todos os
cristãos reconhecem como Mestre, Filho de Deus, Salvador, parte da Trindade
Santa, Caminho, Verdade e Vida. Queremos apresentar ao mundo um cristianismo
mais atraente, não dilacerado por disputas internas. Queremos atender à prece
de Jesus, que pediu que os seus fossem UM.
Mas não
convivemos só com cristãos, mesmo considerando a variedade de Igrejas e
comunidades eclesiais à nossa volta. No Brasil encontramos membros de muitas
religiões. Afinal, somos um povo formado do encontro entre europeus, indígenas
e africanos. Migrantes trouxeram outras correntes religiosas. Nem ao menos
temos que pensar só nas pessoas que nos estão próximas. O mundo globalizado nos
mostra tradições religiosas diversas: vemos os muçulmanos na TV, sabemos de
questões religiosas da Índia, da África, da China... E aí uma questão passa pela cabeça dos
catequizandos (e também pela nossa): Como ficam essas pessoas diante de Deus? O
que será delas se vivem e morrem sem nunca ter ouvido falar de Jesus? O que
nossa Igreja nos diz sobre isso?
Há quem
diga que cada religião tem seu caminho de salvação, outros acham que quem não
pertence ao seu grupo está automaticamente longe de Deus e condenado. Nossa
Igreja ensina que o único Salvador de todos é Cristo. Foi Ele que fez a grande
demonstração do amor inesgotável de Deus, nele temos Deus nos amando tanto que veio
viver como humano, capaz de entregar a vida, no meio de grandes sofrimentos,
para nos mostrar como somos preciosos para o Criador. Essa “boa nova” é a
melhor notícia que a humanidade já recebeu, a grande fonte de esperança: apesar
de nossas falhas e pecados, Deus não desiste de nós e nos ama até as últimas
consequências. Essa mensagem é tão essencial que somos chamados a comunicá-la
aos que ainda não conhecem Jesus ou não o compreendem devidamente. O diálogo
inter-religioso não apaga a missão. Conhecer Jesus é algo tão bom que não seria
justo negar esse dom a quem ainda não o encontrou.
Mas isso
não se faz desvalorizando o que outras religiões têm construído nas pessoas e
na história da humanidade. Muitos não sabem, mas a própria Igreja não nos
autoriza a proclamar simplesmente a condenação inescapável dos que não são
cristãos.
Seria bom,
por exemplo, que os catequistas conhecessem, entre outros, o documento Diálogo
e Anúncio, escrito 25 anos depois do Concílio Vaticano II. Vamos nos referir a
ele muitas vezes nessas nossas conversas. Hoje, gostaria de destacar apenas
duas afirmações dessa orientação que nossa Igreja nos dá:
É através da prática daquilo que é bom nas
suas próprias tradições religiosas, e seguindo os ditames da sua consciência,
que os membros de outras religiões respondem afirmativamente ao convite de Deus
e recebem a salvação em Jesus Cristo, mesmo se não o reconhecem como salvador.
(DA 29)
Os cristãos que não têm apreço nem
respeito pelos outros crentes e pelas suas tradições religiosas estão mal
preparados para lhes anunciar o evangelho. (DA 73c)
São
declarações com graves implicações e que precisam ser bem entendidas para não
gerar problemas. Mas indicam um caminho, uma pedagogia, uma compreensão da
universalidade do amor do Deus Criador e da salvação que Cristo veio trazer. Uma boa catequese deve estar preparada para
equilibrar diálogo e missão, como pede o nosso documento.
Therezinha Cruz
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