Vida e Morte
A
vida é um dom de Deus, porém estamos de passagem neste mundo, e a
qualquer momento podemos perder alguém querido, alguém que amamos. Quem
não perdeu é bom estar preparado, pois se algo certo na vida, é a
morte.
Ao olharmos para a morte devemos valorizar a vida, como uma forma e oportunidade de nos prepararmos para a eternidade com Deus.
O
próprio Jesus garante que é da vontade do Pai que não se perca nenhum
daqueles que lhe deu, e que todo aquele que n’Ele crê tenha a vida
eterna, e o ressuscitará no último dia (Jo 6, 37-40).
Como cristão católico, como encarar a morte, como lidar com a dor da perda?
Para
os que crêem a vida não é tirada, mas transformada. Assim como a
semente que, ao cair na terra morre e dessa morte brota a nova vida,
cremos que a morte é a passagem para a ressurreição, a nova vida em
Cristo.
O fundamento para nossa fé em torno da vida nova que começa na morte, está na ressurreição de Jesus Cristo.
Este
é o ponto principal de tudo, Jesus venceu a morte e ressuscitou, esta
certeza da fé descarta completamente qualquer idéia de reencarnação.
Deus
ressuscitou seu filho Jesus, como nos exorta São Pedro: Bendito seja
Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Na sua grande misericórdia ele
nos fez renascer pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,
para uma viva esperança, para uma herança incorruptível, incontaminável
e imarcescível, reservada para vós nos céus; para vós que sois
guardados pelo poder de Deus, por causa da vossa fé, para a salvação que
está pronta para se manifestar nos últimos tempos”(1Pd1,3-5).
Mas existe o purgatório o céu e o inferno?
O
novo catecismo da Igreja Católica, nos coloca em base a dois
fundamentos: primeiro é a bíblia; o segundo é o magistério da igreja.
Magistério
da igreja é a tradição comum das comunidades, por isso vamos olhar para
a bíblia e para o magistério. Quando rezamos o creio, dizemos: Creio
na ressurreição dos mortos...
A igreja ensina que na hora da morte no momento em que fechamos os olhos toda a pessoa passa pelo chamado juízo particular.
O que é Juízo particular?
Afirma
o Catecismo da Igreja Católica: “Cada homem, em sua alma imortal,
recebe sua retribuição eterna a partir de sua morte, em um Juízo
Particular feito por Cristo, juiz dos vivos e dos mortos” (CIC 1051).
No
Juízo particular a vida passa como um filme diante de nós, na hora da
morte. Ninguém sabe se é por uma fração de segundos, mas a vida passa
diante de nossos olhos. E, nesse juízo particular a pessoa vê toda a
sua vida, mas a vê sob a luz da verdade. E á luz da verdade que é
Cristo, vê quais os frutos teve o seu livre arbítrio.
Continua
o Catecismo da Igreja Católica: “Cada homem recebe em sua alma imortal a
retribuição eterna a partir do momento da morte, num Juízo Particular
que coloca sua vida em relação à vida de Cristo, seja através de uma
purificação, seja para entrar de imediato na felicidade do céu, seja
para condenar-se de imediato para sempre” (CIC 1022).
Então, acreditamos que imediatamente após a morte a nossa alma já terá o seu destino eterno definido.
O
céu, para aqueles que morreram em estado de beatitude, como por
exemplo: Nossa Senhora e os santos. Cremos foram direto para Deus.
O purgatório para aqueles que estão destinados ao céu, mas antes tem de viver o estado de purificação.
E o inferno, para aqueles que não aceitam a salvação, concedida por Deus.
Existe um céu?
Filhos,
ó céu é o anseio ultimo toda alma. O ser humano foi feito para ficar
junto com Deus, então o que o céu é o estado de profunda comunhão com
Deus, um estado de intimidade de amor com Deus. Jesus garante que na
casa do Pai há muitas moradas e que iria nos preparar um lugar (Jo
14,2).
E o inferno?
O inferno existe sim, começa aqui e vai além.
Deus
não condena ninguém ao inferno. O inferno é uma auto- exclusão da
graça, é uma pessoa que no uso do seu livre arbítrio rompeu com Deus, em
pecado grave e insistiu em permanecer no pecado grave.
Mas
existem almas, pessoas que na hora da morte no juízo particular não
romperam com Deus, ainda há muito que ser purificado e é bem nessa
dimensão que existe o purgatório.
O que é o purgatório?
Purgatório
não é lugar, mas um estado de purificação das almas após a morte. Nosso
Catecismo ensina: “ "Aqueles que morrem na graça e na amizade de Deus,
mas imperfeitamente purificados, estão certos da sua salvação eterna,
todavia sofrem uma purificação após a morte, afim de obter a santidade
necessária para entrar na alegria do céu". (CIC 1030).
A Igreja chama Purgatório a esta purificação final dos eleitos que é absolutamente distinta do castigo dos condenados. (CICI 1031).
Biblicamente a crença na existência do purgatório encontra-se no Antigo Testamento, em 2Macabeus 12, 39-45.
O Novo Testamento faz algumas alusões sobre o purgatório (Mt 12, 31; Lc 12, 45-48.58-59)
A
Igreja também viu uma figura do purgatório nos textos da Primeira
Carta de São Pedro: “Pois também Cristo morreu uma vez pelos nossos
pecados - o Justo pelos injustos - para nos conduzir a Deus. Padeceu a
morte em sua carne, mas foi vivificado quanto ao espírito. É neste mesmo
espírito que ele foi pregar aos espíritos que eram detidos no cárcere,
àqueles que outrora, nos dias de Noé, tinham sido rebeldes, Pois para
isto foi o Evangelho pregado também aos mortos; para que, embora sejam
condenados em sua humanidade de carne, vivam segundo Deus quanto ao
espírito”. (1Pd 3,18-19; 4,6)
São
Gregório Magno Papa e doutor da Igreja falou a respeito da existência
do purgatório: “No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que
existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma Aquele
que é a Verdade, dizendo que se alguém tiver cometido uma blasfêmia
contra o Espírito Santo, não lhe será perdoada nem no presente século
nem no século futuro (Mt 12,31). Desta afirmação podemos deduzir que
certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que
outras, no século futuro”. (dial. 4, 39)
São
Josemaria Escrivá disse: “O Purgatório é uma misericórdia de Deus, para
limpar os defeitos dos que desejam identificar-se com Ele”. (Sulco, 889)
Por que rezar pelos mortos?
Este ensinamento apóia-se também na prática da oração pelos defuntos, da qual já a Sagrada Escritura fala: "Eis
porque ele [Judas Macabeu] mandou oferecer esse sacrifício expiatório
pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos de seu pecado"
(2 Mac 12, 46). Desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória
dos defuntos e ofereceu sufrágios em seu favor, em especial o sacrifício
eucarístico (DS 856), a fim de que, purificados, eles possam chegar à
visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também as esmolas, as
indulgências e as obras de penitência em favor dos defuntos. (CIC 1032)
A respeito da oração pelos mortos diz o Didaqué (ou doutrina dos 12 Apóstolos):
“Ao fazerdes as vossas comemorações, reuni´vos, lede as Sagradas
Escrituras... tanto em vossas assembléias quanto nos cemitérios. O pão
duro que o pão tiver purificado e que a invocação tiver santificado,
oferecei´o orando pelos mortos”.
E
nos ensina João Paulo II: 'Orando pelos mortos, a Igreja contempla,
antes de tudo, o mistério da Ressurreição de Cristo que nos obtém a vida
eterna'.
Mas
quem esta no céu não precisa de oração, e, quem esta no inferno
sinceramente as nossas orações de pouco vão valer, mas aqueles que estão
no purgatório, para estes sim devemos rezar.
Novamente,
como razão porque devemos rezar pelos mortos, volta-nos o texto de
Mateus, onde Jesus diz, quem pecar contra o espírito esse pecado não
pode ser purificado nem neste século nem no século seguinte, é o que nos
faz entender que pecados cometidos em vida podem ser purificados em
séculos vindouros. (Mt 12, 31)
È daí que vem o fundamento de mandar rezar missas, pois assim podemos adiantar o estado de purificação dos que morreram.
Termino
esclarecendo que a morte nunca foi vontade de Deus, ela entrou no
mundo pelo pecado original. Deus fez seus filhos para a eternidade. A
morte é uma contingência humana, faz parte da fragilidade do ser
humano.
O Filho de Deus foi para a morte e depois Deus o ressuscitou.
Deus nos fez para vivermos para sempre.
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