Intercessão dos Santos – 2ª Parte
Ora, o Espírito de Cristo ressuscitado
em nós, fazendo-nos uma só coisa com o Senhor Jesus, suscita em nós os
bons sentimentos e as boas obras: tudo de bom que pensamos e fazemos é
suscitado pelo Espírito Santo em nós: “É Deus quem opera em vós o querer
e o operar” (Fl 2,13).
É exatamente porque cremos em Cristo,
porque estamos unidos a ele e nele estamos enxertados e incorporados
pelo Batismo, que podemos realizar as obras da fé, daquela fé que atua
pela caridade (cf. Gl 5,6).
Quando rezamos, não somos nós que
rezamos: quem ora em nós, quem louva em nós e intercede em nós é o
próprio Espírito do Cristo Jesus ressuscitado:
“Assim também o Espírito socorre a
nossa fraqueza. Pois não sabemos o que pedir como convém; mas o próprio
Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis e aquele que perscruta
os corações sabe qual é o desejo do Espírito; pois é segundo Deus que
ele intercede pelos santos” (Rm 8,26-27).
É por isso que, já aqui na terra,
dizemos uns aos outros: «Reze por mim!» O próprio Novo Testamento
recomenda que rezemos uns pelos outros (cf. 2Cor 1,1; Ef 1,16; 6,19; Fl
1,4; Cl 4,12; 1Ts 1,2; 1Ts 5,25; 1Tm 2,1; Tg 5,16).
Pedimos a oração de um amigo batizado
porque sabemos que ele reza em Cristo, que é uma só coisa com Cristo, já
que é membro do seu Corpo e vive do Espírito do Senhor, de modo que já
não é ele quem reza, mas é Cristo que ora nele como Mediador único entre
nós e Deus.
Com aqueles que estão na Glória
acontece o mesmo. A morte dos que se salvam não nos separa do amor de
Nosso Senhor Jesus Cristo, não rompe a comunhão entre os que estão com o
Senhor, no céu, e nós, peregrinos: “Estou convencido de que nem a morte
nem a vida… nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de
Deus manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8,38-39).
No Senhor todos vivem e permanecem
unidos no amor. Se a morte interrompesse uma tal comunhão em Nosso
Senhor Jesus Cristo isso significaria que ela – a morte – seria mais
forte que a vida e que a vitória do Senhor Jesus.
Mas, não! Cristo é mais forte que a
morte e o inferno: “Morte, onde está a tua vitória? Morte, onde está o
teu aguilhão?” (1Cor 15,55).
Desse modo, os que estão com Cristo
(cf. Fl 1,23) na Glória, são plenamente membros do Corpo do Cristo,
vivem do Espírito de Cristo ressurreto e participam da única mediação de
Cristo!
De modo que a intercessão dos Santos
nada mais é que uma admirável manifestação do poder e da fecundidade da
única mediação de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Ele é o único Mediador, que inclui na
sua mediação única todos os que são uma só coisa com ele por serem
membros do seu Corpo. A mediação de Nosso Senhor não é mesquinha: é
única, mas não é exclusivista. Ela inclui todos nós. Caso contrário, nem
nós, que vivemos ainda neste mundo, poderíamos rezar uns pelos outros,
já que isso é também uma forma de mediação.
Assim, é em Cristo, como seus membros,
que os Santos intercedem a Deus. A intercessão dos Santos nada mais é
que uma manifestação da única intercessão de Nosso Senhor Jesus Cristo,
que, sendo rica e potente, e nos dá a capacidade de participar da sua
única mediação.
Aqueles que já estão na Glória são
aquela nuvem de testemunhas de que fala a Epístola aos Hebreus:
“Portanto, também nós, com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor,
rejeitando todo o fardo e o pecado que nos envolve, corramos com
perseverança a corrida que nos é proposta, com os olhos fixos n’Aquele
que é o Autor e Realizador da fé, Jesus” (Hb 12,1-2).
São eles que, a exemplo dos primeiros
santos mártires, participando da mediação única de Nosso Senhor, e nessa
única mediação, suplicam a nosso favor, como membros de Cristo:
“Vi sob o Altar as vidas dos que
tinham sido imolados por causa da Palavra de Deus e do testemunho que
dela tinham prestado. E eles clamaram em alta voz: ‘Até quando, ó Senhor
Santo e Verdadeiro, tardarás a fazer justiça, vingando nosso sangue
contra os habitantes da terra?’” (Ap 6,10).
Certamente, como aquela que mais
esteve unida a Nosso Senhor neste mundo e na glória, a Virgem Maria
participa de um modo todo especial nessa única mediação de graças.
Uma coisa é certíssima: a Igreja de
Nosso Senhor Jesus Cristo, ao ensinar que os Santos do Céu intercedem
por nós, mostra o quanto a única mediação de Cristo é fecunda e eficaz.
De tal modo fecunda e eficaz que dela
nos faz participantes! Não se trata, portanto, nem de concorrência, nem
de competição e nem mesmo de uma mediação paralela à mediação única de
Nosso Senhor Jesus Cristo.
Também não se trata de uma “escadinha”
de mediadores. Não! Há um só Mediador! Todos os outros participam da
única mediação de Nosso Senhor Jesus Cristo, nossa Cabeça e nossa
santificação.
Se participamos desta mediação é
exatamente porque, pelo Batismo, recebemos de Nosso Senhor: “Nele
aprouve a Deus fazer habitar toda a plenitude e reconciliar por ele
todos os seres” (Cl 1,19). E da sua plenitude todos nós recebemos graça
sobre graça! (Jo 1,16).
Conclusão: no culto aos Santos nada há
que fira a unicidade da mediação, da santidade e da glória de Nosso
Senhor Jesus Cristo! É ele, Autor da santidade, que é grande e admirável
nos seus Santos!
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