Planejar é preciso!
Sabemos que planejar é projetar o
futuro, pensar antes qual o melhor caminho para a realização de um
trabalho. Um bom planejamento nos ajuda a poupar tempo e a aumentar a
eficácia dos resultados desejados.
Para um planejamento, três questões são
essenciais: onde queremos chegar, os nossos objetivos; como vamos
chegar, os meios que vamos utilizar para alcançar os objetivos; como
saber se chegamos, corresponde a avaliação de todo o trabalho
desenvolvido.
Planejamento e Catequese
É função da catequese mobilizar a pessoa
toda para Deus, por meio do acolhimento da mensagem divina. Assim
sendo, o catequizando a aplicará de fato em sua vida, tornando-se membro
vivo do Corpo Místico de Cristo. E isto não se consegue fazer “do
pescoço para cima”, ou seja, apenas através do ensino teórico. Este é um
dos instrumentos que se pode utilizar. Mas o ponto de partida é a
consciência da responsabilidade da missão de catequista e, a exemplo de
Jesus, colocar-se a serviço dos outros. Isto requer simplicidade,
humildade e dedicação.
Com isto, queremos dizer que devemos nos
preocupar com o conteúdo da catequese e os recursos metodológicos que
nos facilitarão alcançar nossos objetivos. Especialmente hoje, diante
dos meios de comunicação; mas estes não substituem o testemunho, a
vivência enquanto referenciais concretos que dão credibilidade ao
conteúdo da mensagem que desejamos transmitir.
Assim, vê-se que o passo seguinte, e não
menos importante, é o planejamento do encontro de catequese. Ele é que
proporcionará a experiência forte do Deus vivo e verdadeiro pela
vivência comunitária fraterna e solidária. Para tanto, o roteiro para os
encontros ajuda-nos a guiar o conteúdo e a experiência que devem ser
transmitidos e vividos no decorrer do encontro de catequese.
Importância da Metodologia na ação catequética
“Nenhuma metodologia dispensa a pessoa do catequista
no processo da catequese. A alma de todo método está no carisma do
catequista, na sua sólida espiritualidade, em seu transparente
testemunho de vida, no seu amor aos catequizandos, na sua competência
quanto ao conteúdo, ao método e à
linguagem. O catequista é um mediador que facilita a comunicação entre
os catequizandos e o mistério de Deus, das pessoas entre si e com a
comunidade” (CNBB, Diretório Nacional de Catequese, n. 172).
“Como vou preparar o meu encontro? De
que maneira vou trabalhar com os catequizandos? Qual o caminho a
seguir?” Essas perguntas são preocupações que os catequistas têm com
relação ao método. Método vem do grego, metá+odós, significando
percorrer um caminho, estrada que ajuda a chegar onde se quer chegar. O
método supõe uma ação de planejamento, o qual requer: domínio do
conteúdo a ser transmitido, para que o catequista não se perca e fique
falando coisas desnecessárias (o quê?), conhecimento da realidade e da
vida dos catequizandos (quem?), objetivos claros e concretos (para
quê?), discernimento para escolher o método mais apropriado (como?),
capacidade para agendar as datas e administrar bem o tempo (quando?). E
também ter em mente que a catequese não é escola; não é aula, é
encontro; não é aluno, é catequizando; não é professor, é catequista.
Existem caminhos que precisam ser
trilhados. Cabe a cada catequista, de acordo com sua realidade,
descobrir qual o melhor método a ser seguido para que a catequese
alcance seu objetivo.
Portanto, método é procedimento
(acolher, ver, iluminar, agir, celebrar, avaliar), é interação (Fé, Vida
e Comunidade), é aprendizagem (aprender fazendo, aprender ensinando) é
comunicação através da linguagem verbal e não verbal (gestos e
símbolos), é ação criativa e dinâmica. É caminho de construção,
instrução e desconstrução.
Roteiro de planejamento de um encontro de catequese
1. Tema:é parte do planejamento catequético; exige estudo pessoal do catequista.
2. Objetivos:é o ponto
de chegada: o que quero com este encontro? Precisa estar relacionado
diretamente ao conteúdo. Perguntas a seres respondidas no objetivo: o
quê? Para quem? Como? Para quê? Quando?
3. Material didático:contribui
no desenvolvimento do conteúdo e no entendimento da reflexão; o
material didático precisa estar em sintonia com o conteúdo a ser
transmitido.
a) Acolhida: 1)
preparação do local, com a organização do ambiente para receber os
catequizandos de forma fraterna e envolvente; 2) acolhida: recepção dos
catequizandos que chegam para o encontro; 3) oração inicial:
pode-se invocar o Espírito Santo, fazer uma oração espontânea (faça uma
pequena recordação da vida, para colocar na oração intenções, nomes de
pessoas ou fatos ocorridos na semana e que merecem nossa atenção), rezar
uma ou duas dezenas do terço, rezar um salmo ou outra passagem bíblica,
uma oração que tenha a ver com o encontro do dia.
b) Ver: consiste na
interação com a realidade pessoal, familiar e da comunidade do grupo de
catequizandos. Para tanto, constitui-se de um momento que possibilita a
interação fé e vida. Trata-se de uma tomada de consciência da realidade,
podendo partir de um tema específico, um problema ou um acontecimento
que mobilize o grupo (pode-se utilizar de entrevistas, relatos, fotos,
pesquisas). Para isso, é necessário desenvolver a capacidade de
observação e registro daquilo que se vê. Depois, é preciso descobrir as
causas (a principal, as aparentes, as imediatas, as secundárias) e as
consequências (materiais, psicológicas, morais, sociais, econômicas,
políticas, culturais, religiosas e ideológicas para a pessoa, a família,
a sociedade e/ou demais grupos envolvidos) de tal ou tais fatos.
c) Iluminar: é o
momento de escutar a Palavra de Deus. Implica a reflexão e o estudo que
iluminam a realidade, questionando-a pessoal e comunitariamente.
Trata-se de confrontar as conclusões, elaboradas no Ver, com a Palavra
de Deus, através dos diversos livros sagrados, dos Documentos da Igreja,
dos Santos e outros materiais. Num segundo momento, passa-se à
recordação: apresentar o tema do encontro e dar uma introdução sobre o
mesmo.
d) Agir: 1) o que
fazer? Onde? Quando? Como? Com quem? Com que recursos? Ação
transformadora da realidade constatada. Compromisso. Engajamento.
Resposto às interpelações. É ação interior e exterior. É importante ter
em mente que há resultados a curto, médio e longo prazo. 2) Gesto
Concreto ou Tarefa: é um aprofundamento do tema, com atividades de
fixação e memorização.
e) Celebrar: é momento
privilegiado para a experiência da graça divina. É o feliz encontro com
Deus na oração e no louvor, que anima e impulsiona o processo
catequético. Resposta de fé à mensagem recebida; conversa com Deus;
oportunidade para fortalecer a participação na liturgia. Trata-se de
festejar, de comemorar os acontecimentos da vida. Celebram-se, na escuta
da Palavra de Deus, Salmos, cânticos e orações.
f) Avaliar: pode ser
organizada por meio de observação e atividades que proporcionem o
encaminhamento de questões que permitam identificar: o desempenho
individual e do grupo de catequese; a qualidade do planejamento
analisando os erros e acertos (um fracasso assumido e avaliado já é um
passo à frente; o erro deve ser entendido como possibilidade dentro da
caminhada de um grupo); o que foi acrescentado de novo para a vida dos
catequizandos; o que precisa ser revisado para o próximo encontro; quais
foram as observações significativas apresentadas no encontro. Constatar
as dificuldades, as resistências e os problemas que dificultam os
avanços; determinaras necessidades mais
urgentes, ordenando-as em prioridades. Pode ser feita com ou sem os catequizandos.
Observações
· É imprescindível o uso da Sagrada Escritura na Catequese, pois a Palavra de Deus é “fundamento da catequese” (CNBB, Diretório Nacional de Catequese, n. 23) e sempre há de “haurir o seu conteúdo na fonte viva” da mesma (João Paulo II, Catechese Tradendae,
n. 27) – “A Palavra de Deus fornece o ponto de partida, o fundamento e a
norma de ensinamento catequético” (Pontifícia Comissão Bíblica, A Interpretação da Bíblia na Igreja)[2].
· É interessante a implementação de dinâmicas, de brincadeiras, de jogos[3] relacionados ao tema, de músicas, desenhos, atividades lúdicas.
· Saiba valorizar a diversidade e
os dons de cada um. Você não é poeta? Algum catequizando talvez o seja.
Você não canta? Algum talvez cante.
· Há momentos em que a catequese
pode ser direcionada à realidade do lugar, dos catequizandos, um fato
que aconteceu próximo do encontro, situações vividas, notícias, um
programa de televisão...
· O catequista deve adaptar sua
linguagem às necessidades dos ouvintes de modo que eles, ao ouvirem o
ensinamento, compreendam e tornem-se testemunhas do conteúdo aprendido.
· O catequista deve conhecer o seu
grupo de catequizandos, sua realidade, a da sua família, do lugar em que
mora. Não se interesse pelo catequizando somente no momento do
encontro. Ele precisa ter a certeza de que você está pensando nele,
querendo o seu bem.
· Evite atrasos. Saiba chegar com
antecedência para os encontros. Assim você terá oportunidade para
preparar o ambiente e acolher cada catequizando que chega.
· Procure variar a disposição dos
lugares na hora do encontro: em forma de círculo, de quadrado, na
diagonal, em triângulo... seja criativo!
· Evite improvisações. Prepare cada
encontro com antecedência. Tenha seu caderno de preparação e avaliação
sempre em dia e em ordem.
· Evite a rotina. Aproveite para
isso as celebrações e revisões. Quando sentir que o grupo está
desinteressado, prepare um encontro-surpresa: passeio, confraternização,
jogo…
· Procure valorizar e acompanhar os
catequizandos, dando-lhes algumas responsabilidades e oportunidades
para participar ativamente do encontro catequético.
· Valoriza as colaborações dos
catequizandos, mesmo que suas ideias não estejam muito claras. Saiba dar
o devido valor à partilha e ao trabalho de grupo.
· Não humilhe, não despreze e nem
deixe ninguém de lado. Saiba controlar aqueles que facilmente participam
para não intimidar mais ainda os que ficam muito quietos e sem
iniciativa.
· Quando for alguma atividade em
grupo, procure perceber se está havendo a participação de todos, ou se
tem algum que não se envolve. Procure ter essa sensibilidade para não
deixar essa situação atrapalhar a participação e a aprendizagem de
todos.
· Seja uma pessoa de oração. Reze. A
Palavra de Deus deve ser para você um livro de cabeceira… Reze o que
você preparou para os encontros, reze as passagens que irá propor para a
turma.
[1]A
metodologia Acolhida-Ver-Iluminar-Agir-Celebrar-Avaliar, que propomos
aqui, é um método prático, de formação na ação, que tira do comodismo e
alienação, esclarece a fé, desperta a consciência crítica e leva a
assumir compromissos com os irmãos, na transformação da sociedade e na
construção de sinais da presença do Reino de Deus.
[2]“A
catequese tem como tarefa proporcionar a todos o entendimento claro e
profundo de tudo o que Deus nos quis transmitir: investigar com
seriedade e entender o que os escritores sagrados escreveram para
manifestar o que Deus nos quer falar. É importante conhecer as
circunstâncias, o tempo, a cultura, os modos de se expressar para
comunicar” (CNBB, Diretório Nacional de Catequese, 26).
[3]O
jogo – que é um procedimento de grupo em que as pessoas têm a
oportunidade de expressar-se corporal e verbalmente, desenvolver hábitos
de convivência social, despertar e acentuar os valores humanos –
permite que a pessoa tome contato consigo mesma e com os outros, além de
facilitar a transmissão da mensagem, do objetivo que se pretende. Para
isso, o catequista tem que ser uma pessoa flexível, acessível,
eloquente, criativa, com capacidade de estuda e de síntese, boa
observadora; seu entusiasmo tornará possível um ambiente caloroso e
otimista, utilizando-se de diversas técnicas.
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