A palavra
ecumenismo passou para a linguagem comum, sem muita consideração com o
significado específico que a nossa Igreja dá a esse termo. Fala-se em
ecumenismo de modo amplo, como algo que uniria todas as idéias, de todos
os grupos, uma grande mistura, um sincretismo global. Não é a isso que
nossa Igreja se refere quando propõe o ecumenismo como parte de sua
doutrina.
Em
primeiro lugar, teríamos que perceber que, na fala oficial da nossa
Igreja, há uma diferença entre ecumenismo e diálogo inter-religioso.
Ambos são campos de trabalho importantes, mas cada um tem suas
características próprias. O ecumenismo se refere às relações entre
cristãos de Igrejas diferentes. Não são “religiões” diferentes, a
religião é a mesma, são todos cristãos. Diferentes são as Igrejas (ou as
chamadas comunidades eclesiais) a que uns e outros pertencem.
Referir-se a um irmão cristão como alguém que tem outra religião já
seria um embaraço no diálogo ecumênico. Mas misturar ecumenismo com
diálogo inter-religioso também não é a proposta da Igreja.
Para
prosseguir com segurança no caminho do ecumenismo, haveria algumas
idéias a serem esclarecidas. Por exemplo, ecumenismo não é:
• Mistura
de tudo num novo cristianismo: isso seria acrescentar mais uma divisão,
como se estivéssemos criando uma nova Igreja, com perda de identidade
para todos.
• Disfarce
para uma Igreja dominar a outra: esse é um grande receio que alguns
irmãos têm. Uma vez, depois de incentivar a prática do ecumenismo num
encontro, alguém me perguntou: _ Agora, falando sério, me diga: tratando
assim tão bem os crentes de outras Igrejas, sendo tão simpática com
eles, quantos você já converteu para a nossa Igreja? Fiquei muito
decepcionada. Isso me mostrou que a pessoa não tinha entendido nada do
que eu estava tentando explicar. Qualquer intenção menos sincera nesse
trabalho atrapalha a caminhada em vez de ajudar.
• Algo
que afasta a pessoa da sua própria Igreja: entro no diálogo como
católica (e só assim estou preparada para tanto) e saio com minha
identidade católica reforçada porque é em nome da minha Igreja que estou
falando, é como representante dessa Igreja que me apresento ao outro. O
mesmo vale para o outro lado do diálogo: cada cristão de outra Igreja
deve ter uma identidade firme para me ajudar a conhecer melhor o seu
modo de ser cristão.
• Fazer
todos concordarem em tudo: O objetivo é compreender, dialogar... e
poder discordar sem transformar isso em rejeição e desvalorização do
outro.
• Fingir que as diferenças não existem: isso tornaria hipócrita a conversa; queremos compreender as diferenças, não ignorá-las.
• Desvalorizar
as normas de cada Igreja: cada um deve cumprir seus deveres com a sua
comunidade; se isso não for feito, o ecumenismo ganhará opositores
porque será visto como uma ameaça à identidade dos envolvidos. Por
exemplo: geralmente é melhor não organizar atividades ecumênicas no
domingo, que é dia de cada um celebrar na sua Igreja.
• Deixar
de lado o espírito crítico diante de qualquer grupo cristão: ser
ecumênico não é ser ingênuo diante do que não for honesto, de que
estiver em contradição com a ética e os valores evangélicos. Mas, nesse
caso, sempre é bom lembrar que não podemos desvalorizar um grupo inteiro
porque algumas pessoas dentro deles fazem coisas erradas. Afinal,
sabemos há joio no meio do trigo, mas também pode haver trigo no meio do
joio.
Pensemos: como, na catequese, viveremos uma espiritualidade que também é ecumênica, sem cair nessas falhas?
Therezinha M L da Cruz
Nenhum comentário:
Postar um comentário