Santificação do Sábado ou do Domingo?
Quantas vezes você já não deve ter ouvido coisas do tipo como:
“Guardarás o sábado, e o santificarás como te ordenou o Senhor, Teu
Deus”, (Cf. Dt 5,12). A ordem é ou não é clara? Com qual autoridade –
queria saber – a Igreja Católica adotou o domingo?
Talvez você não tenha tido resposta, ou mesmo a tendo não a conhecia
por completo. A intenção deste breve esclarecimento de nossa Fé Católica
é trazer ao conhecimento aquilo que nossa Tradição, Magistério e as
Sagradas Escrituras nos falam a respeito e com isso termos a real,
verdadeira e nítida noção do motivo pelo qual nós (Católicos) temos o
Domingo como o Dia de Nosso Senhor.
SÁBADO
Antes de mais nada, a palavra “sábado” não indica um dia da semana,
mas sim “repouso”. Por tanto seis dias de trabalho, depois descanso
dedicado a Deus:
1.1. Em Hebraico, as palavras para sábado são: (a) SHABBATH, que
significa (dia) de descanso’, ‘cessação’, ‘interrupção’ (Ex. 20:8). (b)
SHABBATHON, tempo sagrado para repouso (Ex 31:15). Em Levítico 23:32
encontramos os dois termos usados juntos: SHABBATH SHABBATHON – O SÁBADO
DE DESCANSO.
1.2. Em Grego as palavras são: (a) SÁBBATON – uma transliteração da
palavra hebraica Shabbath. (b) SÁBBATA – pode ser o plural de SÁBBATON
ou a transliteração do aramaico SHABBETHA (Ex 16:23; Mt 12:1)”.
Assim como também nos afirma o CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA:
2168. O terceiro mandamento do Decálogo refere-se à santificação do
sábado: «O sétimo dia é um sábado: um descanso completo consagrado ao
Senhor» (Ex 31, 15).
2169. A Escritura faz, a este propósito, memória da criação: «Porque
em seis dias o Senhor fez o céu e a terra, o mar e tudo o que nele se
encontra, mas ao sétimo dia descansou. Eis porque o Senhor abençoou o
dia do sábado e o santificou» (Ex 20, 11).
O desenrolar do Antigo Testamento permeia toda esta importância dada
ao sábado judaico e com isso o povo da época foi assim alimentando toda
esta prefiguração que logo mais em Jesus Cristo tomaria um renovado e
definitivo significado na plenitude da Revelação. Ainda é importante
salutar o que o CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA nos ensina a respeito da
maneira que Nosso Senhor se portou em relação ao “sábado”:
2173. O Evangelho relata numerosos incidentes em que Jesus é acusado
de violar a lei do sábado. Mas Jesus nunca viola a santidade deste dia. É
com autoridade que Ele dá a sua interpretação autêntica desta lei: «O
sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado» (Mc 2, 27).
Cheio de compaixão, Cristo autoriza-Se, em dia de sábado, a fazer o bem
em vez do mal, a salvar uma vida antes que perdê-la. O sábado é o dia do
Senhor das misericórdias e da honra de Deus. «O Filho do Homem é Senhor
do próprio sábado» (Mc 2, 28).
Desta forma fica caracterizado a melhor maneira de iniciarmos o entendimento do Domingo para nossa Fé Católica.
DOMINGO
Como vimos ainda a pouco Jesus era e é o dono do sábado, o que por
pura lógica significava ter o poder de fazer do sábado o que bem
entendia e bem sabemos que a liberdade de Jesus com referência ao
sábado, foi um dos motivos da sua condenação, é só conferir os
Evangelhos: Mateus 12,14; Marcos 3,6; Lucas 6,6-11.
Como veremos logo a seguir o principal motivo de hoje o “Domingo” ter
se tornado para nós cristãos Católicos o dia do Senhor foi o motivo de
sua Ressurreição, que para nós é o fundamento maior de nossa Fé:
2174. Jesus ressuscitou de entre os mortos «no primeiro dia da
semana» (Mc 16, 2) . Enquanto «primeiro dia», o dia da ressurreição de
Cristo lembra a primeira criação. Enquanto «oitavo dia», a seguir ao
sábado, significa a nova criação, inaugurada com a ressurreição de
Cristo. Este dia tornou-se para os cristãos o primeiro de todos os dias,
a primeira de todas as festas, o dia do Senhor (Hê kuriakê hêméra, dies
dominica), o «Domingo»
Assim o Domingo tornou-se o dia mais importante para o Cristianismo
pois “Se Jesus não tivesse ressuscitado seria vã a nossa fé” (Cf.
15,14). Nisso a coerência levou os Apóstolos a preferi-lo para a
celebração da Eucaristia, nas comunidades, e por conseguinte nossa
Tradição continuou-lhes o costume, até declará-lo dia santo dos
cristãos:
“Reunimo-nos todos no dia do Sol, porque foi o primeiro dia [após
o Sábado judaico, mas também o primeiro dia] em que Deus, tirando das
trevas a matéria, criou o mundo, mas também porque Jesus Cristo, nosso
Salvador, nesse mesmo dia ressuscitou dos mortos.” São Justino (100-165)
“Os que viveram segundo a antiga ordem das coisas alcançaram uma
nova esperança, não guardando já o sábado mas o dia do Senhor, em que a
nossa vida foi abençoada por Ele e pela sua morte.” Santo Inácio de
Antioquia (35-110)
“A Epístola de Barnabás (74 d.C.) um dos documentos mais antigos
da Igreja, anterior ao Apocalipse, dizia: “Guardamos o oitavo dia (o
domingo) com alegria, o dia em que Jesus levantou-se dos mortos”
(Barnabás 15:6-8).
“O dia do Senhor, o dia da ressurreição, o dia dos cristãos, é o
nosso dia. É por isso que ele se chama dia do Senhor: pois foi nesse dia
que o Senhor subiu vitorioso para junto do Pai. Se os pagãos o
denominam dia do sol, também nós o confessamos de bom grado: pois hoje
levantou-se a luz do mundo, hoje apareceu o sol de justiça cujos raios
trazem a salvação.” São Jerônimo (†420), (CCL, 78,550,52)
Assim, dessa forma as Sagradas Escrituras também nos trazem este entendimento acerca do Dia do Senhor:
“E, no fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da
semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro” (Mt 28.1).
“E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro, de manhã cedo, ao nascer do sol” (Mt 16.2).
“E no primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram elas ao
sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado, e algumas outras
com elas” (Lc 24.1).
“E no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de
madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra tirada do sepulcro” (Jo
20.1).
“Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e
cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham
ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja
convosco” (Jo 20.19).
“E no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para
partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com
eles; e prolongou a prática até a meia-noite” (At 20.7).
“No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que
puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam as
coletas quando eu chegar (1Co 16.2).
Dessa maneira nossa Tradição, Magistério e as Sagradas Escrituras
atestam mais uma vez a Verdade de nossa Fé Católica nos esclarecendo e
afirmando aquilo que é a mais de 20 séculos a única e Verdadeira Igreja
de Cristo e dos Apóstolos.