“Não tem compaixão para com o homem, seu semelhante, e ousa pedir o perdão de seus pecados?” (Eclo 28,4)
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O Filho Pródigo – Arturo Martini
Perdoar é um dos mais nobres gestos de
que é capaz o ser humano. E também um dos mais difíceis. Quem sabe
perdoar, praticamente atingiu a perfeição, pois viver sem ódio, sem
mágoa, livre de todo ressentimento é possuir a verdadeira sabedoria de
viver. Acima de tudo, quem sabe perdoar compreende de modo pleno uma das
maiores necessidades do ser humano: ser perdoado sempre. Se errar faz
parte da fraqueza humana, ser perdoado é o único caminho para ser
redimido do erro. Quem não recebe o perdão, praticamente está
impossibilitado de se recuperar. Negar o perdão é condenar o que errou a
permanecer no erro.
O que é perdoar? É admitir que a fraqueza
humana esteja sempre presente, mesmo na pessoa que vive na mais reta
intenção, e que o erro de hoje necessariamente não se repetirá amanhã.
Assim, perdoar é oferecer à pessoa um crédito de confiança: “Você
errou. Eu o perdôo, ofereço‑lhe uma nova oportunidade. Aquilo que você
fez não existe mais. Você é uma nova criatura, com nova chance”.
Como é bom, num momento de fraqueza,
receber uma nova oportunidade! Ter gente que confia em nossa
recuperação! Quando um pai perdoa ao filho o erro cometido, lhe está
dizendo exatamente isso: “Meu filho, você errou. Mas você pode ser diferente. Conte comigo”. Por outro lado, não o perdoando, estará dizendo: “Meu filho, você não tem jeito mesmo. Não conte mais comigo”. É
o caminho mais fácil para fazer com que o filho não lute mais para
superar as próprias limitações. É condená‑lo a repetir o erro.
Todos nós, praticamente, já vivemos esta
gratificante experiência de termos sido perdoados em momentos de
fraqueza. Foi esse perdão fraterno que nos deu ânimo para reiniciar o
caminho. Por outro lado, também já passamos pela dolorosa experiência de
termos errado e não recebido o perdão reanimador. Foi muito difícil,
então, recolher forças para recomeçar! Pareceu até que os outros tinham
prazer em que permanecêssemos nos erro, em nos ver atolando sempre mais.
Perdoar é reconhecer a quase infinita
capacidade do ser humano de se regenerar. Por pior que alguém seja, a
chama da bondade nele não está extinta. Basta um pequeno sopro, e a
chama brilha com força. Transforma‑se em labareda. Assim como ninguém é
totalmente bom, ninguém é totalmente mau.
Perdoar é participar da misericórdia
divina, que faz o sol brilhar sobre justos e injustos. Quanto maior o
pecado, mais intensa a presença amorosa de Deus. Saber perdoar é ser
capaz de realizar o mais divino dos gestos para com o ser humano: o
gesto do perdão.
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