SOU CATÓLICO VIVO MINHA FÉ – Uma síntese brasileira de doutrina
Após falar um pouco do Catecismo da Igreja Católica, que iremos
comentar no espaço do nosso Blog,
falamos também de seus principais complementos: o Diretório Geral da Catequese (1977) e o Compêndio do Catecismo (2005). Estamos agora acenando a dois outros textos, que poderíamos chamar de
satélites do grande Catecismo. São eles: o
opúsculo Sou Católico: vivo a minha fé e o
YouCat, chamado também Catecismo Jovem da Igreja Católica
Vamos hoje tratar do texto da Comissão para a Doutrina da Fé da CNBB
intitulado: Sou católico: vivo minha fé.
Foi
lançado em 07 de
maio de 2007, durante a 45a. Assembleia Geral da CNBB. A Igreja na
América Latina estava às vésperas da abertura da V Conferência Geral da CELAM
em Aparecida (SP) e o Brasil recebia a
breve visita do Papa Bento XVI, ou seja: era um momento de intensa vida eclesial.
O
versículo bíblico que lhe serve de inspiração, e colocado como referência antes mesmo do título, é a conhecida passagem
da 1ª. Epístola de Pedro: “Estai
sempre prontos para dar razão da vossa
esperança” (3, 15b). Sua finalidade declarada é, pois, oferecer aos nossos fiéis
subsídios para conhecerem melhor os fundamentos da fé e da vida cristã católica.
Ele
tem uma relação íntima com o Catecismo da
Igreja Católica. De fato, diz Dom Geraldo Lyrio Rocha (então presidente da
CNBB), na apresentação da 3ª. edição de 2007: “Por se tratar de um breve
compêndio, o texto remete necessariamente ao Catecismo da Igreja Católica e demais documentos do Magistério”.
Ele
é carregado de uma característica doutrinal e intelectual da fé. Comentando
isso, Dom Waldir Azevedo, Arcebispo de Belo Horizonte e presidente da
Comissão para a Doutrina que redigiu o texto, acentuou
também seus frutos para a vivência
concreta da fé: “nós precisamos como Igreja dar a todos os católicos a
oportunidade de melhor conhecer a sua fé, um conhecimento que supõe as verdades
da fé, a doutrina que define essa fé, não apenas enquanto apropriação racional,
intelectual, mas enquanto um conhecimento que
venha produzir nas pessoas uma vivência coerente da fé professada”.
Tendo nascido dentro do clima da V
Conferência de Aparecida, o texto manifesta a preocupação de fazer de todos os
católicos, verdadeiros discípulos e missionários de Jesus Cristo, tema da
própria V Conferência. Sua redação durou três anos e, a partir da 2ª. edição, houve
correções e aperfeiçoamentos, com relação à primeira edição. Foi também
submetido à apreciação da Congregação da Doutrina da Fé, um dos grandes
departamentos do Vaticano que, como diz o nome, cuida da reta expressão e
manifestação da fé.
O
opúsculo tem várias edições e vários formatos, inclusive como livro de bolso. Todas
elas trazem ilustrações muito boas, criativas e adaptadas ao texto. Conforme se
diz na última capa de uma das edições, trata-se de “um subsídio destinado a
ajudar os católicos e todas as pessoas interessadas, a conhecerem melhor os
fundamentos da fé e da vida cristã. O texto traz exposições breves e essenciais
sobre aquilo que os católicos creem, como rezam e como são chamados a viver, em
conformidade com sua dignidade de cristãos e membros da Igreja”.
O texto trata dos
seguintes temas:
·
o “ser católico” e sua identidade (Introdução);
·
a revelação divina (cap. I);
·
a nossa fé em Jesus Cristo (verdade sobre Jesus Cristo, a Igreja
e o ser humano: cap. II);
·
a celebração do Mistério de Cristo (liturgia, sacramentos, vida
cristã sacramental: cap. III);
·
a vida nova em Cristo (elementos de moral cristã: cap. IV);
·
esclarecimento sobre alguns pontos da fé católica (são 25 temas:
cap. V);
·
e, por fim, a oração do católico (2 fórmulas de profissão de fé
e 25 fórmulas de orações tradicionais, inclusive os mistérios do Rosário (terço) em sua nova forma: cap. VI).
Conclui
com boas indicações para a leitura orante da Bíblia e algumas referências
para aprofundamento dos temas. Essas referências consistem em
citações que remetem aos documentos da Igreja a respeito dos vários temas
tratados (documentos do Concílio Vaticano II, Encíclicas Papais, Código
do Direito Canônico e, sobretudo do Catecismo da Igreja Católica).
Esse pequeno opúsculo, publicado como subsídio, não tem a
pretensão de ser um “catecismo da CNBB”, já que o texto se concentra
substancialmente na questão doutrinal, que é um dos tantos aspectos da
educação da fé, ou catequese. Deve-se dizer também que a Comissão Episcopal
para a Animação Bíblico-Catequética, encarregada da catequese, dentro da
CNBB, não foi envolvida na sua elaboração que esteve totalmente a cargo da Comissão
Episcopal para a Doutrina da Fé e seus assessores. Já se foi o tempo em que
por “catequese” se entendia apenas o conhecimento doutrinal. A Comissão
encarregada da dimensão catequética foi apenas informada, numa de suas
reuniões, de algumas diretrizes deste livro, através de uma assessora da
Comissão de Doutrina, ainda nos inícios do trabalho redacional.
Esse texto tem um leve caráter apologético, isso é, de defesa da
fé. De fato, o capítulo quinto é composto de 25 questões que respondem aos
“ataques” que pessoas, fora da Igreja Católica (particularmente protestantes)
fazem aos católicos. Portanto, tem a finalidade também de capacitar os
católicos a responderem às dificuldades, dúvidas e objeções contra a nossa fé.
A apresentação do próprio texto e a Introdução do subsidio
colocam-no claramente no grande quadro da evangelização, dentro do
projeto “queremos ver Jesus, caminho, verdade e vida”. Insiste acertadamente na dimensão da
“experiência cristã” e conclui dizendo: “esta experiência inclui
clarividências advindas do conhecimento das verdades da fé, fomentando e
fecundando este mergulho que proporciona a vida nova em Cristo, gerando
discípulos e discípulas...”.
Esse texto quer garantir, justamente, esse
“conhecimento das verdades da fë” que é um dos aspectos importantes da
catequese. De fato, a verdadeira catequese vai muito mais além: ela possui uma
dimensão iniciática, catecumenal, como propõe o recente Diretório
Nacional de Catequese; ela requer o envolvimento na vida da comunidade de
fé e, sobretudo o mergulho nas celebrações da fé, isto é, na Liturgia e outros
aspectos celebrativos e orantes do processo educativo da fé. Nesse sentido,
esse subsídio da CNBB, trazendo também, em seu final, várias orações católicas tradicionais,
torna-se também um bom subsídio para a catequese.
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