O assunto parece novidade porque a grande
maioria dos que participam hoje da Igreja passou tanto pelo processo
iniciatório como pelos sacramentos da iniciação sem nem se darem conta do que
estavam vivenciando. De fato, aqueles que já têm uma certa idade ainda se
lembram da época em que a família e a sociedade em geral eram marcadas por um
modo cristão de ver e encarar o mundo. Parecia até que todos eram católicos.
Bem, pelo menos a grande maioria era batizada! A religião ia sendo aprendida pela
criança, tanto na família como na própria sociedade. Era assim que, mesmo sem perceber,
as pessoas iam sendo iniciadas na vida cristã. Depois, quando já estava na hora
de fazer a 1ª Comunhão, ia-se para a catequese para aprofundar muitas daquelas
coisas que já se tinham aprendido em casa e em vários ambientes que frequentava.
Mas, graças a Deus, o tempo não para, não é
mesmo? E é fácil constatar que aquele tempo já passou! Agora, mais do que
buscar refúgio no saudosismo, temos que ter a consciência de estarmos vivendo
uma verdadeira “mudança de época”. Em relação há poucos anos atrás, hoje nós
nos encontramos diante de mudanças radicais que estão afetando profundamente o
significado da vida e que vão modificando o modo como a gente deve encará-la.
Muitas vezes nos sentimos até meio perdidos, sem nem saber mais quais critérios
podem ser usados para captar, compreender e julgar o que se apresenta diante de
nós.
Entre outras coisas, hoje nos encontramos num
mundo marcado por uma grande variedade de escolhas e isso acontece até mesmo no
campo religioso. A maioria das famílias e a sociedade em geral deixaram de ser
referências seguras para a fé cristã. Aos jovens e adultos de hoje, são
oferecidas, de forma atraente e convicta, as mais variadas oportunidades de
escolha tanto no campo da fé, como nos mais diferentes setores da vida. Assim,
a nós, católicos, resta constatarmos algo que tínhamos esquecido: ninguém nasce
cristão! Na realidade, para ser um autêntico seguidor de Jesus Cristo, primeiro
é necessário conhecê-lo e, depois, fazer uma opção consciente pela sua proposta
de vida!
Portanto, mais do que censurar os dias de
hoje, marcados por tanto individualismo e relativismo, temos que saber ver a
atual “mudança de época” como uma grande oportunidade da Igreja de poder
evangelizar com mais qualidade e entusiasmo. Precisamos aproveitar esse tempo
de graça e fazer acontecer essa urgência da ação evangelizadora, que é a
realização de um processo consistente de Iniciação
à Vida Cristã.
Por esses e outros motivos, acho que ainda
temos muito para conversar sobre esse assunto...
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